sábado, 18 de fevereiro de 2012

Jovem erga a cabeça!


O Salmo 90 nos fala da necessidade da confiança em Deus para aqueles que procuram de fato refúgio no Altíssimo. E esse Deus nos liberta do laço do caçador. São Pedro vai radicalizar isso na sua primeira carta, que nos fala de um modo muito concreto sobre essa nossa luta contra o inimigo e sobre nossa busca de santidade. Por isso ele começa no capítulo um, que Deus na sua infinita misericórdia, pela ressurreição de Jesus, nos chama a uma viva esperança, a uma herança que não se corrompe, não se contamina. Isso tem que constituir a nossa alegria, apesar de todas as aflições que passamos ou deixamos de passar. Isso acontece em Jesus Cristo, o nosso refúgio é o Senhor, o nosso Salvador é o Senhor, Sem Jesus não somos nada, sem Jesus estamos completamente perdidos.

Enquanto não nos convencemos disso, enquanto estamos colocando a esperança da nossa felicidade, da nossa alegria, de todo o nosso ser, seja lá em quem for, não atingimos a esta experiência.

Uma das pedagogias do encardido é mostrar que a vida é fácil. “Fácil, extremamente fácil...”. Ser cristão é difícil, extremamente difícil... É isso que Pedro vai nos falar. Para que vivamos essa santidade, essa salvação: Cingi, portanto, os rins do vosso espírito, sede sóbrios e colocai toda vossa esperança na graça que vos será dada no dia em que Jesus Cristo aparecer. À maneira de filhos obedientes, já não vos amoldeis aos desejos que tínheis antes, no tempo da vossa ignorância. A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações.
Ele usa uma analogia, quando se cinge o rim para proteger o corpo na hora de ir para a guerra. Então devemos cingir os rins do nosso espírito. Ou seja, nós nos preocupamos tanto em proteger o corpo, mas está na hora de proteger o espírito. Para isso, sede sóbrios. Sobriedade, eu não dependo de nenhuma droga, eu não dependo do cigarro, eu não dependo da bebida. Eu sou sóbrio em relação ao sexo. O que quer dizer ser sóbrio em relação ao sexo? Viver a sexualidade no meu estado de vida. Como jovem eu vou viver a minha sexualidade na castidade consagrada, ou o que é chamado ao matrimônio vai viver essa sexualidade segundo a sua vocação. Sobriedade é equilíbrio, é temperança.
“À maneira de filhos obedientes...”. Obediência vem de ouvir. A quem estou ouvindo?
“... já não vos amoldeis nos desejos que tínheis antes, no tempo em que eras anta”. A quem nós estamos nos amoldando, nos modelando?
“sede vós também santos em todas as vossas ações”. Eu não tenho dúvida que esse é o grande desafio para nós. O que significa essa santidade, esse desafio, um jovem santo? Um jovem sarado, que não está contaminado pelos laços do caçador, pelas artimanhas do encardido.
Há hoje uma filosofia moderna, de que tudo na vida é fácil, tudo é light. A descoberta dos produtos light e diet foram uma maravilha. Por exemplo, para uma pessoa diabética, que não pode usar açúcar, para uma pessoa que tem uma disfunção hormonal, que não pode entrar em contato com nenhum alimento que tenha açúcar. Mas hoje virou sinônimo para todos que querem emagrecer sem fazer esforço. E light não é para gordo emagrecer, é para magro não engordar. Então inventaram tudo light, cola light, cigarro light, doce light, manteiga light, pão light, tudo light. E o que significa light? Fácil. O light significa duas coisas: primeiro é que não se vai às causas dos problemas, segundo é que não se assumem as conseqüências das coisas da vida. Por trás disso há uma filosofia que diz que podemos comer a vontade que não engorda. O que é uma ilusão, porque a pessoa só e gorda porque come demais ou por distúrbios do organismo. O light vai virando uma hipocrisia. Um sujeito vai à churrascaria, come picanha, mas só bebe coca light.
Então cria-se essa mentalidade do light, onde você não precisa analisar as causas, você não precisa fazer esforço, não existe conseqüência. Mas é triste, pois estamos criando uma sociedade light, onde você pode fazer tudo e não tem conseqüência nenhuma, onde abandona-se ao destino. Existe literatura light, sexualidade light, existe um estilo de vida light, que é o estilo de vida que o encardido gosta, pois ele vai seduzindo e enganando. E a pessoa que entra nessa vida light não pensa mais em palavras fortes que servem para quem quer ser cristão. Essas palavras são: renúncia, penitência, sacrifício.
O que é a Nova Era? A Nova Era é a religião light, não é a religião onde você tem que se converter ao evangelho, mas converte o evangelho a você, faz a leitura que quer do evangelho. “Eu sou católico, mas do meu jeito”. Do seu jeito até o encardido pode ser católico.
O estilo da vida light vai gerando uma sociedade sem esforço, vamos nos acostumando a não fazer mais esforço. “Eu vou á igreja quando eu quero, eu sou o centro, quando eu tenho algum problema eu vou, eu vou e exijo”. Mas nós estamos criando uma raça de jovem light, fraco, que desiste diante de qualquer problema. Quando tem algum problema o light já tem a solução, fuma uma maconha, cheira um carreiro de cocaína.
A família light é aquela que não tem raízes, que não tem causas, não tem conseqüências, que ninguém provoca nada, que não há diálogo, que não há questionamento.
O mundo vai criando um deus light. O deus da Nova Era é light. Vocês não pensem que a Nova Era está preocupada em criar uma religião própria, ela quer entrar em todas as religiões, inclusive, dentro da Renovação Carismática Católica, nós já temos muitos carismáticos light, que não tem a coragem da renúncia. E é preciso dizer não, ou então vamos nos amoldando pelo mundo. Por isso que na nossa fé a salvação ainda continua tendo um símbolo, os judeus acharam uma loucura. Mas Paulo vai dizer que aquilo que pra vocês é loucura, para nós é salvação. O nosso Cristo passa pela cruz. E Jesus disse isso:

“Você quer ser meu discípulo?”. Se você disser sim, Jesus complementa: “Então tome cada dia a sua cruz e segui-me”. Viver para o Senhor, é morrer para o Senhor. É sair do egoísmo.

Por que tantas comunidades carismáticas acabaram? Porque o light sai da experiência da comunidade para experiência da comodidade. Comunidade exige a renúncia do “eu”, exige esquecer-me de mim mesmo, exige ser filho obediente ao meu superior, ao coordenador da minha casa. É obedecer mesmo quando a ordem que ele dá é contra os meus princípios. Comodidade é quando eu não estou mais satisfeito, eu vou embora e acabou. Isso é o inferno!
Quando eu falo em comunidade não estou falando só de Bethânia ou da Canção Nova, que é imensa. Eu estou falando da sua comunidade igreja, na sua comunidade família. Quantas famílias estão destruídas porque deixaram de ser comunidade para ser comodidade. Hoje queremos coisas cômodos, onde cada um vai montando o seu cantinho, e ao invés de fazer a casa da família, tem que fazer a casa da fami-ilha, onde cada um é uma ilha. Um quartinho é uma ilha, o outro quartinho é uma ilha. O filho chega com a cara feia, bate as portas, tranca a porta do quarto dele e lá ninguém entra. Tem mãe que não pode entrar no quarto do filho. Lá ele tem sua TV, e para alimentar sua sexualidade light, coloca um vídeo pornô, as revistas pornôs, e fuma o baseado dele. E a mãe diz: “Ele é assim mesmo, ao menos não incomoda”. Comodidade é só não incomodar. Comunidade, incomoda, sim.
Quando Deus nos chama a uma comunidade, ele nos chama para que coloquemos em comum nossos dons, e também chama para que essa comunidade venha nos curar. A comunidade é sempre um lugar de cura. O matrimônio é uma comunidade de vida e de amor. No matrimônio light a definição seria comodidade de morte e de desamor. Porque gera morte, desamor, mágoa, ressentimento. Família que não se ama, que não se curte, não se abraça, porque cada um criou o seu mundinho, cada um está na sua ilha. E depois vai na igreja, reza em línguas e pede para Deus mudar a sua vida. Deus muda, mas tem que cada dia pegar a sua cruz e seguir Jesus. Significa renúncia.
Por que fazemos em todas as missas de Primeira Eucaristia, de Crisma a renúncia ao demônio? Por que isso é tão forte? Isso é doutrina da Igreja Católica. Porque ele está como um leão pronto para dar o bote. Mas o encardido é inteligente, ele não nos enfrenta, ele fica rondando, e a pessoa vai se acostumando com o pecado. O encardido tem muita paciência.
O encardido vai rondando, ele tem calma, ele joga a isca e fica te esperando. Ele está vendo qual é o seu ponto fraco, qual é a sua área mais light. Pode ser um trauma, uma mágoa, um pecado, uma irritação.
Padre Léo.. Livro Jovem Sarados

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